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Notas do Autor - Capítulo 03


Alola! Tudo bem com vocês?

Bom, primeiramente quero me desculpar pela demora que teve para sair esse capítulo. A faculdade me consumiu e tive que focar muito nela e nos projetos para garantir que tudo saísse como planejado. Tudo deu certo e para o ano que vem estou me programando melhor para poder soltar capítulos com mais frequência para vocês!

O capítulo em si não tem coisas tão bombásticas, mas é importante para o que está vindo pelo futuro! O terreno de muitos acontecimentos estão sendo preparados aqui então fiquem atentos!

Espero que tenham gostado da pequena surpresa e vejo vocês no próximo capítulo!

Alola!

Capítulo 03



Em uma mesa redonda sob a sombra de um guarda-sol, dois homens sentavam em duas das quatro cadeiras ali dispostas. O cabelo grisalho de ambos era uma evidência de suas idades avançadas. O mais velho deles era um senhor de pele escura e olhos que se forçavam a manterem-se abertos. Usava uma regata azul com uma enorme blusa amarela florida por cima, assim como uma faixa grossa de algodão que utilizava como um cinto que dava a volta em sua enorme barriga e mantinha as calças firmes em sua cintura. Ele estava acima do peso, mas era um cara forte, o que o tornava intimidador, mas sua feição apenas demonstrava preocupação e cansaço no momento.



O outro homem que sentava na cadeira adjacente era o oposto de Hala. Nanu possuía uma pele incrivelmente pálida, resultado do pouco tempo que passava fora de casa durante o dia, preferindo muito mais agir durante a noite. Era magricela e não era forte como o amigo ao seu lado, mas seus olhos vermelhos como rubi eram sua arma secreta para intimidação. Trajava um uniforme policial preto com uma camisa lisa vermelha por baixo.  Diferente do primeiro, sentava na cadeira de forma desleixada, parecendo não ligar para o motivo da reunião que faziam ali.



Ambos bebericavam o chá em suas xícaras enquanto aguardavam o terceiro membro daquela reunião. Ou, sendo mais exato, a terceira participante. Estavam quase terminando as bebidas quando viram a mulher se aproximando o mais rápido que podia naqueles saltos.

A mulher que se aproximava, assim como Hala, possuía uma tez escura. Entretanto, os raios de sol que iluminavam sua pele a deixavam com um aspecto radiante e cheia de energia. Seus cabelos curtos e negros esvoaçavam levemente com a brisa leve que soprava. Suas vestimentas rosas mostravam muito o seu corpo definido e malhado, o qual era adornado por braceletes, pulseiras, colares e brincos. Todos possuíam alguma pedra valiosa e brilhante que facilmente chamava atenção. Mas Olivia não ligava, gostava de destacar a sua juventude, principalmente por ser a mais nova daquele grupo.


           
— Nunca te ensinaram que é falta de educação deixar os mais velhos esperando? — perguntou Nanu, com sua voz rouca e baixa e um sorriso malicioso no rosto.
— Eu tive problemas no caminho, Nanu — A mulher respondeu de forma simples. — Não vou cair nas suas provocações nessa reunião que imagino ser importante.
— Olivia tem razão — Hala colocou sua xícara na mesa e encarou os dois. — Chamei ambos aqui para discutirmos um tópico urgente que vocês já devem ter percebido. Sente-se, Olivia.

A mulher atendeu ao pedido do mais velho e sentou-se na mesa, logo recebendo sua própria xícara do famoso chá de Malie.

Não era incomum os Kahunas de Alola se encontrarem para discutirem assuntos relacionados à suas responsabilidades como guardiões da ilha ou simplesmente para conversarem como bons amigos. Contudo, aquela reunião de emergência convocada por Hala não era uma situação corriqueira, então Olivia e Nanu prontamente atenderam ao chamado para se reunirem no Jardim de Malie, na Ilha de Ula’ula.

 — Imagino que ambos já saibam da notícia que está correndo por toda Alola — começou Hala, cruzando seus braços e encarando os dois amigos com seriedade. — Os guardiões tem sido vistos com muita frequência pelo povo de Alola e, como vocês sabem, não é uma atitude normal de criaturas reclusas como as deidades.
— Concordo – Olivia concordou com a cabeça e continuou a conversa. – Semana passada, ouvi alguns clientes na minha loja fofocando sobre terem visto Tapu Lele vagando pelas ruas de Konikoni. Três dias depois soube que um grupo de turistas foi atacado por uma força violenta e rosa.
— Ouvi que Tapu Bulu foi avistado nos Jardins de Ula’ula — completou Nanu, dando de ombros. — Talvez eles só tenham decidido serem mais sociáveis.

Nanu soltou um riso com sua própria piada, sendo repreendido logo em seguida por Hala.

— Não é hora pra brincadeiras, Nanu — afirmou o Kahuna de Melemele com seriedade em sua voz. — Alguma coisa deve ter acontecido para os guardiões terem começado a aparecer para as pessoas.
— Talvez eles estejam procurando o Kahuna da Ilha de Poni? — sugeriu Olivia, chamando a atenção dos dois senhores da mesa. — Espera aí, vocês não sabiam?

Ambos os homens negaram com a cabeça, incentivando a mulher a continuar contando o que sabia daquela informação que era novidade para ambos.

— Há duas semanas, mais ou menos, o Kahuna despareceu. Não falou com ninguém, não deixou nem pistas de para onde foi. A neta dele, Hapu, prestou uma queixa à polícia. Achei que você sabia disso, Nanu.
— Ultimamente estive ocupado com um caso — Nanu disse de forma breve, desinteressado em dar explicações sobre seu paradeiro. — E agora, hein? Além das fadinhas dando uma de celebridade e tendo ataques de estrelismo, agora também temos um Kahuna desaparecido. Alguém tem alguma ideia do que fazer?
— Bom, se a polícia foi avisada como Olivia disse, o desaparecimento dele não é uma preocupação imediata nossa — Hala aproximou-se da mesa e apoiou seus cotovelos no móvel. — Precisamos fazer algo para chamar a atenção dos Tapu e acalmá-los.
— E o que você sugere? — Olivia colocou sua xícara vazia na mesa.
— Um torneio. O vencedor ganhará o amuleto e a responsabilidade de fazer o Desafio das Ilhas. Acredito que o reviver de uma tradição antiga possa acalmar os guardiões.
— Faz tempo que ninguém tem interesse em participar do desafio, velho — contestou Nanu. — Ninguém vai querer participar desse torneio.
— Então vamos dar um incentivo. Vamos organizar um enorme festival em Iki. Convidamos várias pessoas, incluindo os jovens, e anunciamos o torneio. Para o vencedor nós oferecemos o amuleto e uma Pulseira Z.

Tanto Olivia quanto Nanu olharam Hala com os olhos arregalados, tendo sido pegos de surpresa pelo anúncio. Achavam que o velho havia endoidado de vez por oferecer um item tão precioso e forte quanto uma Pulseira Z.

— Você quer que eu te leve para o manicômio?! — gritou Nanu. — Não podemos oferecer isso para qualquer um!
— Não é qualquer um, Nanu — Hala respondeu calmamente. — É para o vencedor do torneio. Obviamente será um treinador forte.
— Não tenho tanta certeza disso, Hala. — Dessa vez foi a vez de Olivia contestar seu amigo. — Tem certeza de que estaríamos dando uma Pulseira Z para a pessoa certa? Pense no que os guardiões iriam pensar disso tudo.
— No momento não temos muitas opções, Olivia. — Hala retirou um objeto semelhante ao qual os três Kahunas reunidos ali usavam em seus pulsos. — Se os Tapu realmente estiverem zangados ou incomodados com algo, falar com eles não irá nos ajudar em nada. Talvez traga até mais fúria.
— Serei sincera, Hala Não sou fã de sua ideia maluca de entregar uma Pulseira Z aleatoriamente, ainda mais sem a consulta dos guardiões da ilha. — Olivia deu um pequeno sorriso para Hala. — Mas, apesar de tudo, confio em você.
— Então você pode se juntar a ele no hospício, Olivia — Nanu levantou-se da mesa. — Se a reunião já acabou e vocês decidiram o que fazer, vou voltar ao meu trabalho. Alola para vocês, doidos de pedra.

Nanu andou vagamente até sair da vista dos outros dois Kahunas. Apesar da resposta do homem, Olivia e Hala sabiam que aquele era seu jeito de expressar o carinho por ambos e dizer “estou dentro”.




Selene andava apressada, com passos fortes e os punhos fechados. A cara da garota era de poucos amigos e, guardava tanta raiva em seu olhar que fuzilava qualquer um que ousasse cruzar seu caminho. Desde que haviam se afastado de toda a confusão, Selene não havia dito uma palavra. A garota apenas retornou seus Pokémon para suas devidas Pokéballs e seguiu em direção à sua casa. Selene sabia que, quando ficava com raiva e frustrada, sua melhor opção era o silêncio. Sabia que era capaz de dizer coisas indesejadas e venenosas caso resolvesse discutir naquele momento e, sendo assim, aproveitou aquela longa caminhada de volta ao lar para esfriar a cabeça, torcendo para que seu irmão não piorasse a situação.

Elio, por sua vez, andava um pouco mais atrás de Selene e em passos mais vagarosos. O garoto estava sentindo um misto de emoções e parecia que estava de volta no começo de sua adolescência. Sentia raiva pelo fato de ter sido roubado e atacado logo no primeiro dia que decidiu dar uma chance para a nova região. Sentia-se frustrado por não ter sido capaz de defender sua irmã, seus Pokémon e nem a si próprio. E, acima de tudo, sentia-se triste por estar em Alola. Tinha certeza que se tivesse ficado com seu pai em Kanto, nada disso teria acontecido e estaria em uma jornada alegre e tranquila pela região. O rapaz também se sentia culpado por ter atrapalhado sua irmã. Sabia que o importante era que ele tentou ajudar e que no final acabou tudo certo, mas queria ao menos ter feito algo que fosse digno de um mero elogio da mais velha, ao invés de, novamente, ter agido por impulso e ter ficado com a imagem de cabeça de vento para Selene.

Após um longo e desconfortável silêncio no caminho para casa, quando os irmãos estavam a alguns metros da porta de entrada, ouviram uma voz familiar gritando seus nomes.

— Elio! Selene! Esperem ai! — Kukui gritava, correndo numa velocidade incrível e se aproximando rapidamente. — O que aconteceu? Vocês dois estão bem? E aqueles idiotas da Skull?

Era palpável o tom de preocupação na voz do professor, preocupado com a situação de seus primos que mal haviam chegado em seu novo lar e já presenciaram a desgraça.

— Estamos bem, primo — Elio respondeu para o homem com a voz um pouco mais desanimada e baixa do que o normal. — Um cara mascarado apareceu e ajudou a gente. Estamos bem.
— A sorte também nos ajudou, Kukui — dessa vez, foi a hora de Selene falar. — Porque se dependesse do Elio, estaríamos no mínimo no hospital e sem Pokémon.
— Pelo menos eu tentei ajudar e não fiquei criticando ninguém por isso — Elio rebateu com rancor em sua voz. — Porque se dependesse de você, ainda estaríamos parados igual dois Sudowoodos pensando na morte da Miltank.
— Será que dá para os dois pararem de jogar a culpa um no outro e focar no que é importante? — O tom de voz de Kukui ganhou um tom sério e de advertência — O que importa é que ambos estão bem e com seus Pokémon, certo?

Os olhos castanhos do homem alternavam entre Elio e Selene, aguardando uma confirmação, que acabou recebendo depois de alguns segundos de silêncio dos irmãos.

— Venham — chamou Kukui. — Vamos até a casa de vocês e lá conversamos com mais calma.

O rapaz começou a andar calmamente, com os braços cruzados atrás de sua cabeça demonstrando uma calma invejável. Não conseguia ver o que se passava em suas costas, mas sabia que eventualmente seus dois primos começariam a segui-lo.

Já na casa dos Keao, Akila preparava um chá para seus filhos e Kukui. Os três estavam sentados na pequena mesa que ficava na varanda da casa. Selene e Elio sentavam em cadeiras opostas, evitando o contato visual um com o outro.

— Vocês dois não são velhos demais para ficar com essa birra infantil? – provocou Kukui, colocando seus óculos em cima da mesa e pegando um pequeno leque para se abanar. — Vocês ficam insuportáveis quando ficam assim.

Elio deu de ombros para o comentário do mais velho enquanto Selene apenas se limitou a virar o rosto para encarar o distante mar azul.

Akila chegou com quatro xícaras de chá em uma bandeja e distribuiu para todos que estavam na mesa. Por fim, pegou sua xícara e sentou-se também. Não sabia do incidente envolvendo seus filhos, apenas se preocupava com o fato de que ambos haviam brigado e agora teria que resolver aquela situação.

— Bom; – começou a mulher. — Alguém pode me explicar o que aconteceu?

Elio, mesmo a contragosto, começou a contar a situação para sua mãe, desde o momento que saíram de casa até a aparição do misterioso homem mascarado.

— E vocês não vieram me procurar por qual motivo exatamente? — A matriarca olhou de forma severa para seus dois filhos, mas não deixando de demonstrar a preocupação em seu tom voz.
— Desculpa mãe — Selene abaixou levemente a cabeça e deu um breve suspiro. — Foi tudo tão rápido e cheio de adrenalina que mal tive tempo de raciocinar direito. Deveria ter sido mais responsável como irmã mais velha.
— Eu entendo querida, não se culpe pelo o que aqueles dois arruaceiros fizeram. Mas da próxima vez quero ser informada na mesma hora.

Ambos os irmãos concordaram com a cabeça e tomaram um gole do chá preparado pela mãe.

— O que você acha que devemos fazer, Kukui? — Akila perguntou, trazendo o sobrinho para a conversa.
— A única solução possível é mudar de volta para Kanto — brincou Elio antes mesmo que Kukui terminasse o pensamento.
— Já conversamos sobre isso, Elio. Não iremos voltar tão cedo.

O garoto limitou-se a bufar e deixar seu corpo cair na cadeira. Focou toda sua atenção para uma fruta que estava na mesa e começou a divagar perdido em seus pensamentos.

O que diabos eu fiz para ser castigado desse jeito?”, pensava o garoto, desejando que todo aquele pesadelo acabasse o mais rápido. Não odiava Alola por completo, inclusive achava um ótimo lugar para se passar alguns dias, como uma ou duas semanas de férias. Mas abandonar toda a história que construíra em Kanto junto com seus amigos e sonhos? Isso já era demais.

Havia decidido na primeira noite que passou em Alola que daria uma chance para a região como sempre fazia com novas experiências. Tinha esperanças, mesmo que poucas, que acabasse gostando muito e eventualmente a saudade de casa passaria.

Mas isso não aconteceu.

Ao contrário do que esperava, acabou tendo péssimos momentos logo no primeiro dia que decidiu dar uma volta para conhecer o lugar. Não é como se não houvesse criminalidade em Kanto, mas com toda certeza nunca havia passado por uma situação parecida em toda sua vida. Por mais bobo que aquilo parecesse para quem estava de fora, a sensação de quase ter perdido um presente que seu pai lhe dera fora horrível para o garoto. Pior ainda era saber que poderia ter se machucado e, pior ainda, machucado sua irmã junto.

Elio teria continuado sua linha de pensamentos soturnos se não houvesse sido interrompido pelo som da campainha ecoando pela casa. Um alto e forte “está aberta” foi proferido por Akila, incentivando a visita a abrir a porta.

Demorou apenas alguns segundos para a porta começar a se mover e revelar uma figura masculina alta. Aparentava ser um jovem com não mais de vinte anos, emanava um ar de jovialidade, complementado pelo seu cabelo arrepiado, tendo parte de seus fios negros cobertos por um boné. Percorreu com os olhos o ambiente, analisando cada rosto com calma como se estivesse procurando algo. Enfim, repousou seu olhar quando avistou Kukui. Encarou o professor por um tempo maior do que os outros e chamou hesitante:

— Professor Kukui? – perguntou o rapaz com sua voz calorosa abafada pelo tom de seriedade. Quando recebeu um rápido aceno positivo do rapaz, continuou: — Preciso falar com você.

Virou-se para a porta e seguiu para fora da casa.  A família que havia ficado para trás apenas se encarava com olhares de dúvidas, buscando respostas um no rosto do outro. Kukui simplesmente deu de ombros e levantou-se, seguindo na mesma direção do rapaz misterioso.

— Bom, enquanto Kukui resolve os assuntos dele, quero ajuda para terminar de arrumar a casa. Selene, você poderia arrumar as coisas que estão naquela caixa? — A mulher apontou para uma enorme caixa vermelha em cima do sofá. — Elio, você pode levar essas caixas vazias para garagem?

Os irmãos concordaram com a cabeça e dirigiram-se para realizar as tarefas que sua mãe havia pedido. Selene, já mais calma, andou suavemente até o sofá. Já Elio, com passos extremamente vagarosos, esforçou-se para pegar as várias caixas que, embora vazias, exigiam certa força para serem transportadas.

Quando terminou de colocar as caixas em seu devido lugar na garagem, não conseguiu evitar olhar na direção onde seu primo estava conversando com o estranho graças a porta da garagem aberta. Apesar de sua consciência dizer que deveria deixar seu primo com os assuntos pessoais dele, sentia-se curioso em saber do que se tratava.

Não era totalmente errado querer saber o que um estranho que entrou na sua casa e encarou sua família queria, era?

Respirou fundo e se encheu com cinco segundos de coragem insana e seguiu na direção da dupla, tentando atrair o mínimo de atenção possível para si. Aproximava-se devagar com passos leves em direção a um arbusto que ficava próximo o suficiente para tentar ouvir a conversa sem ser visto. Ajoelhou-se atrás da folhagem e concentrou sua audição o máximo que podia, tentando captar qualquer coisa que fosse dita na conversa. Conseguia ouvir apenas nomes que não era capaz de identificar e a frustração estava cada vez maior.

Quando se aproximou mais para ouvir melhor, arrepiou-se ao sentir uma mão tocar seu ombro e um sussurro que arrepiou todo seu corpo.

— Você acha bonito espionar a conversa dos outros? — ralhou Selene, com um olhar de repreensão ao irmão.
— Você também está escondida e sussurrando, então não venha se achar a santinha da história!
— São motivos totalmente diferentes, eu não... — A garota parou de falar imediatamente ao ouvir uma frase que chamou a atenção de ambos os irmãos.
— Um clarão no céu na noite de ontem? — ouviram Kukui repetir, tentando assimilar o que foi dito pelo rapaz que conversava com o professor. — Desculpe-me, mas não vi nada.

Elio virou para a Selene com os olhos levemente arregalados e atropelou-se nas palavras tentando sussurrar:

— Um clarão? Deve ter sido o mesmo que a gente viu! Sel, esse cara ai também viu!
— Shh! — repreendeu Selene, aproximando o indicador à boca em um sinal para que seu irmão fizesse silêncio. — Eu entendi Elio, mas se acalma porque você está falando alto!
— Você que tá falando alto! — retrucou Elio, dando um leve empurrão em Selene.
— Para, moleque petulante! — Selene revidou com um tapa na cabeça do irmão.

Ambos começaram a se provocar cada vez mais e em dado momento Elio acabou escorregando e caindo para trás no arbusto, balançando a planta com força e fazendo um barulho que acabou chamando a atenção dos dois homens que conversavam ali perto.

— Se vocês queriam tanto fazer parte da conversa, era só ter avisado como pessoas normais — avisou Kukui, soltando uma risada descontraída logo em seguida. – — Bisbilhotar é uma coisa nada descolada de se fazer.

Selene e Elio se levantaram e seguiram em direção a Kukui, mantendo ainda uma distância do homem que apenas observava a situação com curiosidade.

— Primeiramente, vamos às apresentações. Esses dois bisbilhoteiros enxeridos são meus primos, Elio e Selene.

Os irmãos limitaram-se a acenar, ainda envergonhados por terem sido pegos ouvindo a conversa alheia.

— E esse rapaz aqui se chama Ethan.

Ao ouvir o nome do rapaz, foi como se uma onda de choque atingisse Elio e fizesse todos seus neurônios trabalharem. Ao ouvir aquele nome, foi como se um quebra-cabeças começasse a se resolver em sua mente.  Sentia-se idiota por não ter reconhecido aquela figura anteriormente.

— Ethan? O Ethan de Johto? — perguntou Elio, um pouco hesitante em continuar. — O mesmo Ethan, aquele treinador lendário e famoso?
 — É, esse sou eu. — Ethan deu um sorriso envergonhado ao ouvir alguém se referindo a ele como “lendário”. — Bom saber que as crianças de hoje em dia são bem informadas.
— Ei, eu não sou criança! — respondeu Elio levemente ofendido. — Eu tenho dezesseis anos!
— Viu? Uma criança ainda — brincou Ethan tentando deixar o clima mais leve. — Eu já sou um adulto de dezenove anos!
— Com a mentalidade de uma criança de dez anos — debochou Selene, rindo brevemente com sua própria piada.
— Escuta aqui, garotinha. Eu normalmente responderia seus insultos, mas tenho assuntos sérios para resolver. Se vocês não vão contribuir com nada, então são apenas perda de tempo — retrucou o rapaz coçando a sobrancelha esquerda, visivelmente impaciente.
— Nós também vimos o clarão no céu – explicou Elio. — Estávamos na praia quando vimos as luzes.
— Com isso sei que pelo menos eu não estou louco — concordou Ethan. — Viram mais alguma coisa?
— Só as luzes mesmo.
— Certo. — Ethan arrumou seu boné na cabeça e se preparou para ir embora.  — Vou procurar esse pessoal do qual você me falou, professor. Muito obrigado.
— Ei, espera aí. Você está investigando essas luzes?  — Elio se aproximou de Ethan e o segurou pelo ombro. — Eu quero ajudar também. Além de estar curioso para saber o que é, você pode me ajudar em batalhas Pokémon.

Ethan olhou fixamente para Elio com um misto de confusão, dúvidas e hesitação. Fechou os olhos como se estivesse perdido em pensamentos e, quando voltou a abri-los, respondeu de forma simples:

— Não.
— Mas por quê?
— Porque se for algo perigoso, não quero ter que ficar com a responsabilidade de cuidar de mim mesmo e de outra pessoa.
— Mas aí você me ensina a batalhar e eu cuido de mim mesmo!
— Olha, Elio — Ethan segurou os dois ombros do garoto teimoso parado a sua frente. — Você parece um cara legal e cheio de potencial, não me entenda mal. Mas acho que se você quiser aprender sobre batalhas deveria começar pelo básico.

Elio limitou-se a abaixar a cabeça e soltar um longo suspiro.

— E como eu faria isso?
— Tem uma Escola de Treinadores Pokémon na Rota 1. Vi quando eu estava vindo para cá.
— Escola? Acabei de terminar meus estudos, cara — Elio revirou os olhos. — Não quero ter que estudar mais ainda.
— Essa não é uma escola para passar o dia inteiro enfiado nos livros — o rapaz pegou um panfleto que estava guardado em seu bolso e mostrou para o garoto. — Eles ensinam táticas e dicas de batalhas na prática. Você só precisa ir com seu Pokémon, se inscrever e pronto.
— Acho perfeito pra você, Elio — Selene entrou na conversa com um falso tom de animação. — Quem sabe isso não te ajuda a ficar menos tapado nas batalhas?
— E quantas batalhas você venceu até agora, garota? — Elio virou para Selene e a desafiou com o olhar.
— Uma. Mas é a mais importante: Derrotei você com graça. — Sorriu convencida e deu uma piscada breve para o irmão.
— Estou lisonjeado por saber que você me considera a coisa mais importante na sua vida – retrucou Elio, sorrindo vitorioso por usar as palavras da irmã contra a mesma. — Mas ainda assim, você não ganhou de mim.
— E que tal vocês dois fazerem o curso primeiro e depois se resolverem numa batalha? — Kukui ficou entre os irmãos, fazendo um sinal de “pare” para ambos. — Essa intriga de vocês já está ficando chata.

Ambos os irmãos Keao limitaram-se a apenas a um encarar o outro, em uma trégua mútua de brigarem apenas no campo de batalha.

— E quando eu ficar mais forte e derrotar a nerd aí, eu vou te ajudar, Ethan! — Elio bateu no próprio peito com confiança.
— É, claro... Vai ajudar sim. — Ethan esfregou a própria nuca com uma das mãos e deu um sorriso sem graça.
— Vamos logo, então! — bradou Elio, carregado de empolgação. — Estou fervendo de animação para a volta às aulas!

E Selene apenas maneou com a cabeça, começando a movimentar as engrenagens de sua cabeça, pensando em como combinar sua mente que considerava brilhante aos ensinamentos que conseguiria na Escola Pokémon.

Estava ansiosa para sair coroada como campeã daquele lugar.



     


Notas do Autor - Capítulo 02


Alola, pessoal! Tudo bem com vocês?

               Trouxe mais um capítulo de AeA pra vocês e espero que tenham gostado, ficou bem grande pra compensar o capítulo minúsculo que o 01 foi. Não era pro capítulo ter atrasado, mas eu tinha uma prova da faculdade bem foda e acabou que não ficou pronto adiantado, então preferi atrasar uma semana pra poder estar certinho e daora pra vocês.

               Já temos nossa primeira batalha na história! E é entre esses irmãos maravilhosos que eu amo tanto escrever. Eu sei que parece que eles fizeram coisas muito fodas para quem acabou de ganhar o primeiro Pokémon, mas, cá entre nós, eles cresceram assistindo e ouvindo sobre batalhas, assim como a gente, então é claro que eles tentariam fazer algo super foda (mesmo não conseguindo 100%) igual nós tentaríamos caso ganhássemos os nossos.

               Também temos a aparição da fantástica Team Skull, com dois grunts que espero que vocês tenham amado/odiado pois eles irão voltar!


               É só isso que eu tinha pra falar, curtam o capítulo e comentem!

Capítulo 02



O sol de Alola estava em seu zênite, brilhando e ardendo como uma forte chama. Com pouquíssimas nuvens preenchendo a imensidão azul do céu, os raios solares castigavam os menos preparados. O vento soprava suavemente, aliviando mesmo que um pouco o sofrimento daqueles desprovidos de uma sombra refrescante ou um enorme chapéu. A brisa que soprava do mar favorecia os que resolveram passar o dia na praia ou os sortudos que moravam próximo ao litoral. Entre eles, estava a família Keao, com sua casa localizada entre a Rota 1 e a Cidade de Iki.

Os Keao haviam finalmente chegado em Alola, exaustos após a longa viagem de avião. Haviam saído relativamente cedo de casa, pouco antes do meio-dia, e embarcaram por volta das quatro horas da tarde, aterrissando na região tropical quando o relógio batia às duas horas da tarde, pelo horário de Alola.

Mesmo desanimada com os efeitos do jet lag, Alika queria começar a organizar sua mudança o mais cedo possível, alegando que assim teria mais tempo para aproveitar as primeiras semanas em Alola antes de começar a trabalhar em seu novo emprego.

            As caixas com os móveis e pertences da antiga casa da família já estavam no novo endereço — um capricho de Kukui, o sobrinho de Alika e o professor mais renomado da região, junto de sua esposa, Burnet, que receberam os caminhões de mudança em nome da família.       Ao entrarem na nova casa, Selene e Elio notaram que toda sua briga e discussão por quem ficaria com o melhor quarto havia sido em vão, visto que dois dos três quartos da casa eram idênticos, sendo o último uma suíte que obviamente ficaria para a matriarca.

            Enquanto Selene organizava seus móveis e retirava seus itens de uma das caixas, Elio estava deitado em sua cama, que possuía apenas um travesseiro, encarando o teto. O garoto estava visivelmente incomodado e abalado com a mudança, não tendo mais a animação que tinha antes de receber a notícia de despedida de seu pai.

            O garoto naquele momento queria voltar para sua cidade natal de onde não deveria ter saído. Não estava se importando nem em arrumar suas coisas, achava desnecessário já que arrumaria uma maneira de viajar de volta para Kanto e acabar com aquele pesadelo. Só queria sua família junta novamente como costumava ser.

            Ainda não havia aberto a Pokéball que recebera de seu pai para conhecer o Pokémon que estava dentro dela, uma vez que sentia que iria desabar em lágrimas novamente caso entrasse em contato com algo que lembrasse seu pai.

            Selene, por outro lado, admirava e observava seu Pokémon enquanto arrumava seus livros na estante. Seu pai havia capturado um Vulpix para a menina, uma criaturinha pequena de pelos vermelhos-alaranjado que lembrava uma raposa de seis caudas.


            A moça já conhecia aquele Pokémon, havia interagido com um na escola durante uma de suas aulas e achava o monstrinho encantador, admirando seu porte elegante ao mesmo tempo em que exalava um ar majestoso com suas chamas. O pequeno Vulpix estudava curiosamente a garota com seus grandes olhos castanhos,       correndo o olhar também pelo local, tentando se acostumar com o novo ambiente.

            Animada com seu Pokémon, Selene apenas imaginava sobre as diversas descobertas e coisas incríveis que poderia descobrir sobre a criaturinha, como seus hábitos, características e até mesmo desempenho em batalhas.

            Ao pensar na última possibilidade, um sorriso levemente diabólico surgiu em seu rosto singelo. Apesar de nunca ter entrado ou assistido tantas batalhas quanto o irmão, Selene acreditava que seus estudos eram suficientes para derrotar Elio em um duelo Pokémon. Agora que possuía um, não precisaria se envolver nas exaustivas brigas verbais e (raramente) físicas que tinha com o irmão.

            Chamou sua pequena Vulpix e rumou em direção ao quarto do caçula, entrando no recinto exalando confiança sem nem ao menos bater na porta. Parou próximo ao batente e notou seu irmão deitado na cama, desanimado e quase caindo no sono.

            — Pro menino que cantava e dançava às seis horas da manhã na época de escola você parece bem acabado, pirralho — provocou a irmã, abrindo um breve sorriso de canto e encarando firmemente os olhos sonolentos do irmão.
            — Não enche, garota — Elio limitou-se à responder, rolando na cama e virando as costas para a irmã.
            — Você não tá afim de uma batalha? — Selene se aproximou da cama, ignorando completamente o desinteresse do irmão. — Afinal, você sempre tagarelava sobre elas e como você seria um incrível treinador.
            — Não tô afim.

            Um pouco surpresa com a frieza e falta de ânimo do irmão, Selene suspirou fundo e matutou como faria para colocar seu plano de batalhar e ganhar de seu irmão em prática. Em poucos segundos, seu rosto iluminou-se com uma ideia, como se uma lâmpada se acendesse em cima de sua cabeça.

            — Tudo bem, então — disse a garota com falsa compreensão, dando passos leves e vagarosos até a porta. — Esqueci que você é um medroso. Mas isso é bom, pelo menos você já admitiu sua derrota contra mim sem eu precisar cansar meus neurônios e músculos.

            Selene virou rapidamente o rosto para trás para buscar algum sinal de resposta do garoto, e ficou satisfeita quando viu um leve remexer de Elio na cama, um pouco incomodado com o comentário.

            — Eu só gostaria de entender o motivo do papai ter dado um Pokémon pra você, sendo que ele sabe que eu sou a melhor em tudo.

            Selene continuou suas provocações, buscando todas as lembranças que podia para fazer Elio se irritar ou ficar envergonhado com sua falta de vontade em aceitar o desafio.

            Antes que a garota pudesse lançar mais uma provocação, Elio, num pulo alto como de um Spoink e em uma velocidade surpreendente como a de um Jolteon, saltou da cama e rapidamente colocou seu boné e pegou a Pokéball que estava em cima do criado-mudo, apontando a esfera bicolor para a garota.

            —Chega! — O garoto bradou, sentindo a irritação correr por suas veias e seus olhos arderem intensos com a determinação que havia surgido de outra dimensão. — Vou calar essa sua boca numa batalha e mostrar que nesse assunto EU sou o crânio!

            Orgulhosa de sua conquista, Selene riu brevemente e apontou a sua Pokéball em direção ao garoto como resposta.

            — Espero que esteja preparado para o massacre, Furacão do CPI.
            — Pode vir, Miss Neurônio.

            A troca de olhares dos irmãos Keao durou alguns breves segundos que para eles parecera uma luta eterna de intimidação. Ambos se dirigiram aos fundos da residência para ter uma batalha no quintal, afinal, ainda não tinham perdido completamente o juízo a ponto de bagunçar a casa com uma luta entre seus Pokémon.

            Já no quintal, Selene se distanciou alguns passos de Elio e, com um movimento suave e assertivo, jogou sua Pokéball ao ar. A esfera se abriu e o feixe branco luminoso que saiu de dentro tomou a forma da sua já conhecida Vulpix.

            Elio admirou o Pokémon por alguns segundos, encantado pela criatura que seu pai havia capturado para a irmã. Assim como Selene, o garoto já havia visto o Pokémon em sua época de escola, apenas nunca imaginou que teria a chance de conviver tão próximo com um. Ansioso para saber qual o Pokémon que seu pai havia escolhido, puxou seu boné para trás e arremessou a Pokéball com uma força além da necessária, tentando imitar alguns treinadores que assistia na TV. A esfera girou rapidamente e se abriu, liberando o mesmo feixe luminoso que havia saído da Pokéball de sua irmã, mas a forma que ele tomou era diferente.         

O Pokémon que havia saído da Pokéball era um pequeno tatu cor de areia com uma casca grossa que revestia seu corpo desde as orelhas triangulares até sua cauda pontuda. Seus olhos azuis contrastavam com a tonalidade terrosa do Pokémon. O Sandshrew de Elio encarava todos os três presentes do local com um olhar valente, como se estivesse preparado para qualquer que seja a ocasião para a qual o haviam chamado.



             Vulpix encarava o Pokémon a sua frente com um olhar suave, quase como ingênuo. Já Sandshrew desafiava o Pokémon de fogo com sua garras, tomando uma posição de ataque e raspando-as lentamente no chão.

            — Certo, Sandshrew — gritou Elio, fechando os punhos em uma animação misturada com concentração. — Faça alguma coisa!

            Selene, ao perceber o quão perdido seu irmão estava e não pode evitar o leve tapa que deu em sua testa, indignada com o garoto.

            — Você tá me dizendo que você não se deu ao trabalho de nem ao menos conhecer seu Pokémon?
            — Eu não preciso disso — disse Elio orgulhosamente batendo em seu peito e o estufando em seguida. — Vou mostrar como batalhar é algo natural para mim!

            Mesmo incerto do que fazer, Sandshrew avançou contra o Vulpix que ainda o encarava e atacou com suas garras, desferindo uma pancada forte que fez a pequena raposa recuar.

            — Ele sabe usar o Scratch, beleza – Elio acenou com a cabeça positivamente, como se estivesse anotando a informação em um caderno mental. — Agora repita o ataque!

            — Não vai funcionar duas vezes. Vulpix, use Ember! — Ordenou Selene.

            O corpo de Vulpix brilhou rapidamente com pequenos fagulhos e em seguida a raposa abriu a boca, desparando brasas ardentes na direção do Pokémon adversário, bloqueando seu avanço.

            — Diferente de você, eu fiz minha lição de casa — zombou a garota, orgulhosa de ter acertado um golpe certeiro em Sandshrew mais efetivo do que o recebido.

            — Ninguém liga pro que você fez, garota — Elio analisou o campo de batalha brevemente e concluiu que repetir o mesmo ataque não iria adiantar. — Sandshrew, utilize outro golpe!

            Mesmo incomodado com a falta de conhecimento de seu treinador, o pequeno Pokémon o obedeceu do mesmo jeito, encolhendo-se e formando uma bola. Em seguida, começou a girar ao redor de seu próprio eixo com uma velocidade absurda e partiu em direção à Vulpix, atingindo em cheio a Pokémon que foi arremessada para perto de Selene.

            —Gostou desse Rapid Spin, irmãzinha? — provocou Elio, orgulhoso de estar levando a melhor mesmo não conhecendo seu Pokémon.
            — Como se esse ataque mixuruca fosse parar minha bela Vulpix — respondeu Selene, preocupada com o próximo movimento que deveria fazer, já que o único que Vulpix possuía naquele nível era Ember.
            — Certo, Vulpix. Salte e use o Ember!

            A Pokémon obedeceu o comando de sua treinadora, pulando alto e se preparando para disparar o ataque contra o Pokémon que estava aguardando outra instrução de Elio.

            — Sandshrew, utilize Rapid Spin novamente, mas dessa vez sem se mexer!

Compreendendo o que seu treinador pretendia com aquilo, Sandshrew obedeceu rapidamente o comando e começou a girar em uma velocidade maior do que anteriormente. Uma rajada de vento então surgiu, repelindo as chamas que haviam sido lançadas.

            — Hehe, uma vez vi um treinador fazer isso — admitiu Elio, contente por ter conseguido orientar seu Pokémon para a estratégia que não havia sido treinada antes.

            Selene encarava seu Pokémon se reerguendo após o golpe que recebera. Ember era o movimento que ela esperava que fosse resolver a batalha e derrotar Elio, porém, diante aquela reviravolta que seu irmão havia tido, estava perdida e até mesmo irritada, já que Elio claramente estava vencendo na base da sorte e não com uma estratégia elaborada previamente como ela estava fazendo. A garota lutou bastante internamente antes de ordenar seu próximo comando, se odiando por não ter se preparado para aquela situação.       

            — Vulpix, se você conhece mais algum golpe, use-o agora! — pediu Selene, insegura sobre os próximos resultados. Havia refletido brevemente sobre seu comando e torcia para que estivesse certa,  pois só assim teria uma chance de vencer aquela batalha.

            O Pokémon meneou um “sim” com a cabeça e começou a correr na direção de Sandshrew. Em seguida, diversos Vulpix apareceram ao lado da Pokémon de Selene, cercando o pequeno tatu em um círculo.

            Double Team, isso! – a garota comemorou, recuperando a confiança costumeira que possuía. — Agora utilize Ember!
            — Sandshrew, use Rapid Spin do mesmo jeito! — comandou Elio. Sandshrew porém foi muito lento e acabou atingido pelas brasas de Vulpix. — Droga! Como você sabia que seu Pokémon conhecia Double Team?
— Eu não sabia — respondeu a garota de maneira simples. — Eu só liguei os pontos. É muito difícil um Sandshrew selvagem aprender Rapid Spin na natureza, logo, imaginei que o papai não havia capturado os nossos Pokémon, e sim conseguido de alguma fazenda ou creche, o que explicaria tudo, já que ele não tem tanto tempo pra caçá-los por aí. Eu concluí que minha Vulpix teria algum golpe que não aprende normalmente, mas não sabia qual. Então fiz o mesmo que você e deixei que ela me mostrasse.

            Elio observava a conclusão da irmã levemente boquiaberto. Não havia notado aquele pequeno detalhe. Certo que não era um aluno brilhante na escola, mas assistiu tanto sobre batalhas que ficou decepcionado consigo mesmo por não perceber algo tão simples, mas ao mesmo tempo tão relevante.

            Selene esticou seus braços para as laterais de seu corpo com as palmas abertas para cima, como se tivesse acabado de dizer a coisa mais óbvia do mundo. A garota teria lançado outro ataque com seu Pokémon, se não fosse uma voz masculina e familiar que chamara a atenção dos dois irmãos.

            — Vocês dois são incríveis, primos.

            A voz pertencia à um homem de pele bronzeada e cabelos escuros amarrados em um coque e coberto por um boné branco que cobia a cabeleira e protegia sua cabeça. Utilizava um jaleco de laboratório aberto sem nenhuma camisa por baixo, exibindo seus músculos moderadamente definidos. Retirou os óculos escuros que usava e guardou em um dos bolsos de seu jaleco, acenando para os jovens em seguida.

            — Alola! — cumprimentou o rapaz que estava quase na casa dos trinta anos.


            Aquele era o Professor Kukui, o professor mais conhecido da região de Alola. Suas pesquisas eram focadas em ataques Pokémon e suas variedades, mas também estudava alguns outros assuntos quando lhe pediam. Kukui também era filho de uma das irmãs de Alika, o que o tornava primo direto de Elio e Selene.

            Apesar de ter cursado a faculdade em Kanto, Kukui viveu a maior parte de sua vida em Alola, resultando no contato com os primos em apenas grandes reuniões e festas de final de ano em Kanto. Contudo, mesmo com a distância, o professor possuía grande afeto pelos seus primos, o que o fez dar uma pausa em seu trabalho para visitar sua família.

            — Eae, primo! — cumprimentaram os irmãos em uníssono, acenando de volta para o homem que já se aproximava.
            — Tem certeza que foi a primeira batalha de vocês? — perguntou Kukui, brincando e inflando o ego de ambos os primos. — Vocês pareciam dois profissionais.
            — Não exagera, Kukui — respondeu Selene antes de correr para abraçar o primo, sendo acompanhada por Elio que fez o mesmo quando sua irmã se afastou do moreno.
            — Veio fazer o que aqui, cara? — perguntou Elio animado com a presença do primo, esquecido completamente da batalha que fora interrompida.
            — Se vocês não se importam, vim para jantar com vocês  — Kukui deu um sorriso contagiante para os dois menores. — Mas é claro que eu cozinho, como forma de recepcionar vocês no melhor estilo Alolano possível!

            O trio entrou na casa acompanhado de Sandshrew e Vulpix, desnorteados pela batalha ter sido interrompida sem um aviso ou algo do tipo.


Kukui preparou um verdadeiro banquete com a ajuda de Alika. Na mesa haviam duas panelas que exalavam um aroma delicioso que preenchia a casa e atiçava o apetite de todos ali. Uma delas continha um arroz com algumas frutas e legumes, enquanto na outra estavam deliciosos cubos de Wishiwashi, cobertos com os mais diversos temperos e ervas. As saladas e os outros acompanhamentos que estavam na mesa mostravam a verdadeira culinária típica de Alola: pratos deliciosos e frescos, cheios de cor e sabor que agradavam o paladar de todos os tipos.

Elio dava garfadas maiores do que as que cabiam na sua boca, comendo com volúpia aquela comida que provara nas ocasiões em que sua mãe cozinhava quando moravam em Kanto. Já Selene degustava com cuidado, comendo vagarosamente como se quisesse que o sabor ficasse para sempre em sua boca. Kukui assistia aquela cena com grande nostalgia, se lembrando das festas de ano novo que passara com a família. Seus primos continuavam do mesmo jeito, apenas haviam ficado maiores.

            — Por que vocês não passam no meu laboratório amanhã? Assim vocês aproveitam para conhecer um pouco dos arredores, como a Rota 01 e a Cidade de Iki — sugeriu Kukui antes de beber o delicioso suco de Pinap que estava em seu copo.

            Elio e Selene apenas menearam com a cabeça, já que suas bocas estavam cheias demais para responder sequer um “sim” murmurado.

            Após terem jantado, lavado a louça e arrumado a cozinha, Kukui se despediu da família e rumou para sua casa, deixando a família descansar para continuarem a desfazer as caixas de mudança no dia seguinte. Alika foi para o quarto ler um livro enquanto Elio e Selene decidiram ver a praia que ficava a poucos metros de distância da casa.

            Elio estava de barriga cheia e limitou-se a apenas ficar agachado próximo à maré. Já Selene tirava seus tênis e corria para molhar os pés, sendo banhada pelo mar e pela luz do luar.

            — Eu simplesmente adoro a noite — comentou Selene, dando pequenos passos pela areia, sentindo a água levemente morna massagear seus pés. — É tão calma e tranquila...
            — Você gosta da noite porque é uma criatura fria se sem coração, isso sim — zombou Elio, recebendo um jato de água da irmã. — Isso era mesmo necessário?!
            — Claro que era, você estragou o momento. — A garota voltou a encarar o céu negro e cheio de estrelas, que iluminava seus olhos que observam tudo aquilo com enorme encanto.



Após alguns minutos em profundo silêncio, Selene e Elio decidiram voltar para casa. A garota teria continuado seu rumo se não fosse um enorme clarão no céu que apareceu repentinamente, chamando a atenção dos irmãos Keao.

O brilho aos poucos diminuiu sua intensidade e os jovens não conseguiam identificar exatamente o que era aquilo, apenas conseguindo observar que era um tipo de buraco ou fenda. E, logo em seguida, como num passe de mágica, o brilho e a fenda desapareceram, dando espaço ao brilho das estrelas e da lua novamente.           Porém, breves segundos depois, uma outra luz brilhante surgiu, dessa vez em movimento. Era um movimento rápido com um brilho amarelo e cintilante que lembravam faíscas e cortava a imensidão escura. A luz cortou o céu em uma velocidade absurda e sumiu no horizonte, próximo de onde o clarão anterior havia aparecido e desaparecido.

            Elio e Selene encaravam o céu estrelado atônitos, sem conseguir formular palavras para explicar o que haviam visto.

            — Mas que porra foi essa?! — Elio cortou o silêncio, buscando alguma resposta no rosto da mais velha.
            — Não tenho ideia — respondeu simples, dando de ombros. Selene não gostava de admitir que não sabia de algo, então optou por fingir que era apenas mais um evento corriqueiro em sua vida.

            A dupla ficou mais alguns minutos na praia antes de voltar para casa. O caminho de volta fora em completo silêncio, com ambos absortos em seus pensamentos. Após alguns minutos de caminhada, entraram na residência e murmuraram um rápido boa noite um para o outro antes de se dirigirem para seus respectivos quartos.


            Na manhã seguinte, tanto Selene quanto Elio acordaram cansados. Haviam dormido tarde após passarem um bom tempo da madrugada pensando e teorizando sobre as misteriosas luzes que haviam visto na noite anterior. Teriam dormido por mais tempo se não fosse a matriarca da família, que acordou seus filhos com um simples, mas delicioso café da manhã. A mulher prezava pela boa alimentação dos filhos e queria que estivessem com o estômago forrado quando fossem visitar o primo.

            Após acabarem de comer, Alika começou a desempacotar algumas caixas que estavam na sala, enquanto Elio e Selene se preparavam para sair de casa.

            — Avisem quando chegarem lá — gritou a mulher recebendo apenas um aceno de mão e um “ok” dos filhos.

            Os irmãos começaram sua caminhada junto de seus Pokémon em direção ao laboratório de Kukui. Deram exatos dez passos quando pararam e notaram que não faziam a menor ideia de qual era o endereço.

            — Eu sabia que a gente devia ter perguntado pra ele ontem — disse Elio, se jogando no chão frustado. — Agora não sabemos nem em que direção ir!
            — Se você não fosse tão cabeça de vento, quem sabe...
           
Selene encarava as opções de caminho logo à sua frente: um deles descia em direção à um lugar com uma grama mais alta do que o normal. Já o outro subia em um caminho de terra aberto e cheio de árvores e flores tropicais, com cores vibrantes e um brilho surreal.

            — Eu voto pra gente seguir nesse direção — sugeriu Selene, apontando para  o caminho que subia. — Esse parece um caminho mais civilizado e tem uma placa onde está escrito “Rota 01”. Me parece um lugar onde um laboratório ficaria, né?

            Elio se levantou do chão e deu batidas suaves em sua roupa para tirar a terra. Arrumou o boné na cabeça e começou a marchar junto de seu Sandshrew em direção à Rota 01.

            — Meu senso de aventuras diz que esse é o caminho correto. De nada — gabou-se o rapaz recebendo apenas um revirar de olhos de Selene, que também começou a andar logo em seguida.

            Andaram por alguns minutos por aquela subida, admirando toda a beleza natural da área e se encantando com o tanto de vegetação diferente e luxuosa que encontravam pelo caminho. Aquela vista era novidade para os irmãos Kantonianos, então aproveitavam o máximo que podiam.

            A caminhada seguia tranquila quando duas esferas roxas atingiram o chão na frente dos irmãos, fazendo-os recuar e cair para trás com o susto. Uma fumaça preta começou a se espalhar pelo local e uma voz estridente fora ouvida.

            — Escuta aqui seus pirralhos, que tal a gente resolver essa treta bem rápido e vocês me entregam esses Pokémon e eu vou pra casa feliz?

            Apesar da fumaça, era possível ver a figura da qual a voz pertencia. Era uma jovem adulta com uma aura intimidadora, com seus olhos róseos demonstrando uma clara irritação. Seu cabelo rosado e bagunçado era coberto por uma touca branca e preta, que combinava com a regata e o shorts branco que usava. Em seu pescoço, um enorme colar chamativo com um símbolo que lembrava a letra ‘s’ completava o visual.

            O homem ao seu lado utilizava roupas parecidas. Tinha cabelos curtos azuis que quase se escondiam completamente na touca, e seus olhos frios e acizentados quase não possuíam emoção.



— O que vocês querem? — perguntou Selene, dando um passo a frente de seu irmão, numa pose protetora. — Se vieram apenas me fazer perder tempo, aviso que não estou com paciência.
— Você não ouviu ela, princesa? — O homem de cabelo azulado respondeu com sua voz baixa. — Nós queremos essas criaturas aí que vocês ‘tão levando.
— E o que faz vocês pensarem que eu vou entregar meu Sandshrew fácil assim, amigo? — Dessa  vez fora Elio que avançou na direção da dupla de arruaceiros, estufando o peito e engrossando a voz numa falha tentativa de intimidação.
— Chega. Não tenho paciência pra essas brigas infantis.

A mulher de cabelos róseos estralou os dedos de sua mão esquerda e um Pokémon preto caiu do céu na sua frente. O Pokémon lembrava uma salamandra preta com detalhes em rosa. Seu olhar era predador e seus dentes afiados demonstravam disposição para batalha.


— Salazzle, querida, use Sludge Bomb — a velocidade da Pokémon surpreendeu ambos os irmãos que tiveram tempo apenas para correr em direções opostas tentando evitar o ataque de diversos projéteis na cor marrom que os tinha como alvo. Porém, seus Pokémon foram atingidos e arremessados ao ar. Ambos teriam caído, se não fosse por um vulto que saltou rapidamente na direção dos dois, agarrando-os em seus braços.

Ao pousar no chão, a figura tornou-se visível. Os pelos do lêmure eram preto e branco, cobrindo todo seu corpo musculoso. Usava um capacete duro e verde que tinha o formato de uma fruta.


— Vamos, Passimian — o homem de cabelo azul chamou seu Pokémon, que trouxe os alvos para perto de seu treinador. — Adeus, otários.

E a dupla saiu correndo, carregando os Pokémon quase desmaiados de Selene e Elio deixando para trás os irmãos que ainda estavam abalados pelo ataque.

Sem pensar duas vezes, Elio se recompôs rapidamente e começou a correr na direção dos bandidos. Selene logo foi atrás, desejando que o breve ano que passou treinando com as líderes de torcida da escola fossem suficientes para ter preparado seu físico para o que pareceria ser uma longa corrida.

Sem que percebessem, Elio e Selene estavam fazendo o caminho de volta para sua casa, porém a distância que mantinham em relação à dupla de ladrões logo os fariam perdê-los de vista.

Quando Elio estava prestes a fazer a curva para esquerda na direção que vira os fugitivos correndo, acabou trombando com um homem e foi ao chão. Estava prestes a xingar de todos os nomes possíveis o ser que havia ousado entrar em seu caminho, quando percebeu que o homem que havia derrubado era seu primo Kukui. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, o professor foi bombardeado de falas desconexas de Elio que tentava explicar a situação e o motivo da pressa, frustrando-se por não conseguir fazer o mais velho entender o que dizia.

Logo Selene se aproximou e, percebendo o desespero do irmão, tomou frente e começou explicar com mais calma que o outro o que havia acontecido.

— Entendi. Pelo que você descreveu, me parecem membros da Team Skull — disse Kukui, sentindo seu sangue começar a fever levemente. — Eles são uma gangue de arruaceiros que gostam de perturbar a paz de todos e, aparentemente, agora roubam Pokémon também.
— Você pode nos ajudar, primo? — suplicou Elio, conseguindo formular uma frase compreensível pela primeira vez desde que começara a correria.
— Bom, eu tenho esses Pokémon para entregar para vocês. Na verdade, estava à procura dos dois pra fazer isso — Kukui estendeu suas mãos na direção dos mais novos, revelando duas Pokéballs.

Antes que pudesse terminar de explicar, cada um dos irmãos pegou uma esfera da mão do homem e saiu correndo, deixando-o para trás no meio de sua explicação.

Os capangas da Equipe Skull já haviam percorrido uma enorme distância, porém, haviam cometido o erro de correr em linha reta. Mesmo com a vantagem, foram facilmente avistados por Elio e Selene, que avançacam numa velocidade e fúria mais forte do que antes.

A dupla criminosa então mudou a rota para uma pequena praia ali perto na esperança de estar cheia de turistas com quem pudessem se camuflar.

Ao chegar no local, no entanto, encontraram apenas uma baia deserta, com uma única saída em direção ao mar. Ao perceberem que não tinham para onde correr, soltaram um breve suspiro. Não estavam preocupados com as duas crianças que os perseguia, mas sim com o fato de que deveriam voltar ao seu esconderijo antes do meio dia ou estariam ferrados, e aquela perseguição apenas os atrasava.

A mulher se virou e aceitou de que teria que acabar com aquela batalha que estava por vir o mais rápido possível. Chamou sua Salazzle e ordenou que ficasse em posição de ataque.

Elio e Selene chegaram correndo na baía, com as Pokéballs que haviam recebido preparadas para serem arremessadas.

— Vocês são muito irritantes, mano — reclamou a treinadora da Salazzle, estalando novamente seus dedos. — Acabe logo com isso, querida.

A Salazzle que estava em posição de ataque deu um enorme salto e abriu sua boca, disparando uma enorme rajada de fogo na direção dos irmãos que conseguiram desviar e lançar suas Pokéballs.

De dentro da Pokéball de Elio, um feixe de luz branco saiu rapidamente da esfera bicolor e tomou a forma de uma pequena coruja redonda e bege que saiu voando. Possuía duas folhas verdes que lembravam uma gravata borboleta, dando um grande charme para o Pokémon que voava com graciosidade.

Da Pokéball de Selene, o mesmo feixe saiu em direção ao chão, e a forma de um gato preto com listras vermelhas foi formada pela luz branca. O felino possuía enormes olhos amarelos que olhavam a cena com desprezo.


— Carinha, faça alguma coisa! — Elio ordenou para seu Rowlet, o qual nunca tinha visto e sequer imaginava quais movimentos era capaz de usar.

A coruja apenas girou durante seu voo e diversas folhas verdes brilhantes se formaram ao seu redor. Após terminar seu giro, voou em direção à Salazzle, arremessando as folhas.

A Pokémon nem se moveu, apenas recebendo o ataque como se fosse uma brisa suave que havia ventado em seu rosto. Salazzle abriu sua enorme boca e disparou diversas  bombas marrons, errando a coruja que dançou pelos céus, desviando do ataque.

O pequeno Litten apenas aguardava sentado, lambendo uma de suas patas dianteiras, sem se preocupar em entrar na luta. Sua pose demonstrava uma calma invejável diante a batalha que acontecia ao seu lado.

Porém, quando resquícios do ataque de Salazzle atingiram seu pelo brilhante, o felino rapidamente foi tomado pela raiva e seu corpo brilhou em um tom vermelho, emanando uma fumaça vermelha e quente.

O Pokémon avançou em direção da salamandra usando suas garras afiadas para arranhar todo o rosto da adversária e atacá-la com pequenas brasas.

— Amigão, aproveita a oportunidade e use o seu ataque de novo! — Elio gritou para seu Rowlet que pairava próximo ao campo da batalha.

O Pokémon novamente invocou as folhas para atacar e o lançou contra a salamandra venenosa. Porém, Litten ainda estava atacando o Pokémon e também foi atingido pelo Leafage de Rowlet.

— Você tem vento na sua cabeça?! — gritou Selene dando um tava na nuca de Elio. — Deixa pra atacar quando você não for acertar meu Pokémon no processo também!
— Então sai do caminho se não quiser levar golpe, espertalhona! — rebateu Elio, se irritando com a atitude da irmã.

Aproveitando a discussão que começou entre os irmãos, a treinadora de Salazzle ordenou que utilizasse Sludge Bomb. Ambos os Pokémon foram atingidos em cheio, caindo nocauteados.

—Viu só o que você fez?! Ficou falando e me distraiu — Selene correu em direção ao seu Litten, recolhendo-o para a Pokéball.
— Se já terminaram de brincar de casinha, precisamos ir — anunciou o homem de cabelo azul andando na direção da saída do local.

Entretanto, antes que pudesse continuar seu caminho, uma figura o atingiu em cheio, derrubando-o no chão. A mesma figura atingiu seu Passimian e a Salazzle desavisada que comemorava sua vitória.

— Mas o que foi agora? — bradou a mulher antes de também ser atingida.

A figura então pousou em uma pedra ao lado de um homem sem camisa que exibia seu porte físico, utilizando uma máscara de lutador que cobria seu rosto.


— Obrigado, Hawlucha — agradeceu a figura que agora era possível observar se tratar de um Pokémon com uma espécie de capa vermelha formada por penas e com o rosto coberto por uma penugem que lembrava a máscara do homem que falava consigo.


O Pokémon saltou da pedra novamente, voando na direção de Sandslash e Vulpix e os carregando em suas costas. Pousou ao lado de Selene e Elio que observavam a cena confusos e ali depositou os Pokémon, que correram rapidamente aos seus respectivos treinadores assustados.

— Eu assumo daqui, crianças — o misterioso homem gritou com sua voz calorosa e fez um sinal para que corressem em direção da saída. — Vocês estão a salvo.

Os irmãos limitaram-se apenas a sair correndo com seus Pokémon em seus braços temendo uma nova tentativa dos bandidos de roubarem seus Pokémon. Não faziam ideia sobre quem era aquele homem mascarado, mas também não queriam arriscar descobrir quais eram as suas reais intenções.


            


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